terça-feira, 10 de novembro de 2009

Teatro: Cia de Adamantina estreia “Palhaços” com sessões sábado e domingo

Vinicius Demarque e Tiago Casado encenam Palhaços, de Timochenco Wehbi


No sábado (14) e domingo (15), duas sessões marcam a estreia da Cia Báquicos de Teatro, de Adamantina, com o espetáculo “Palhaços”. As sessões serão às 20h30, no Anfiteatro da Biblioteca, para plateia de 100 pessoas. O espetáculo é indicado para público a partir de 14 anos, com ingressos a R$ 5,00.

“Palhaços”, do autor Timochenco Wehbi, apresenta um diálogo travado nos bastidores de um velho circo entre um palhaço e um fã que invade o camarim após a sessão, levando os limites que separam representação e realidade às mais inusitadas revelações. O que deveria ser mais um número, transforma-se num jogo tragicômico e surpreendente, no qual o artista desconstrói os sonhos mais puros e os desejos mais pérfidos de seu fã.

Assim, a partir de uma linguagem realista, o espetáculo resgata o velho circo através de elementos que remetem ao mambembe e à poética circense, buscando levar o público a uma íntima experiência estética e teatral.

O espetáculo, cuja produção e realização têm o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Adamantina, teve sua produção iniciada após a Oficina de teatro coordenada por Tiago Casado no primeiro semestre de 2009, em Adamantina, com realização da Oficina Cultural Regional Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente, em parceria com a Prefeitura Municipal.

O êxito da oficina gerou a criação da Cia. Báquicos de Teatro, que conta com atores adamantinenses e com a direção de Tiago Casado, buscando um fazer teatral com base na investigação e na experiência coletiva, cujo objetivo se volta para a aproximação entre arte e pensamento.

Hoje, a Cia. Báquicos tem autorização da SBAT (Sociedade Brasileira de Autores), para a montagem do texto de Timochenco Wehbi. A trilha sonora do espetáculo foi criada pelo diretor de teatro Luiz Zaniboni, que também deu colaboração técnica na fase de produção.

Sociedade-palco

O dietor Tiago Casado dá mais detalhamento sobre o contexto do espetáculo. “Palhaços é um apelo. Traz à tona uma reflexão iminente e ainda atual acerca dos valores que conduzem a sociedade e dos ideais que nos lançam para onde supostamente deveríamos ir. Os conflitos apresentados são aparentemente comuns, no entanto, nos levam a perceber que as diferentes formas com que encaramos a realidade ou a mascaramos faz com que sejamos o que somos, ou seja, nos levam a interpretar determinados papéis diante da sociedade, conscientes disso ou não”, diz.

Ainda segundo Tiago, tudo decorre das escolhas feitas e até mesmo da falta delas, o que, para ele, é pior. “Somos conscientes de que desempenhamos papéis? Se somos, por qual sentido o fazemos? Se não somos, o que não nos permite enxergar tal condição? Não sabemos se há respostas precisas. Mas sabemos que há os papéis, há os indivíduos-atores e há uma sociedade-palco que sempre espera por um espetáculo novo, atraente, que agrade, que extasie. E esse script muitas vezes é imposto por uma mídia vendida e montada para que sejamos produtos de mercado. Isso pode nos surpreender à medida que deixamos de nos sentir espectadores e passamos a nos perceber como protagonistas desse palco”, completa o diretor.

Texto foi escrito em 74

Timochenco Wehbi nasceu na cidade de Presidente Prudente em 1943 e fez carreira em São Paulo a partir da década de 60. Professor, Dramaturgo e Sociólogo formado pela USP, participou ativamente do desenvolvimento do teatro no ABC paulista nos anos 60 e 70. Além de “Palhaços” (1974), escreveu grandes sucessos do teatro brasileiro como “A vinda do Messias” (1970), “A dama de copas e o rei de cuba” (1973), “Curto-circuito” (1987), entre outros.

Através de uma dramaturgia construída sobre personagens densas, surpreendidas em momentos de solidão e memória e cuja impotência ante o mundo real as fazem sucumbir, o autor Timochenco Wehbi conduz suas obras às mais obscuras zonas que interligam o real e o imaginário, a partir de uma linguagem predominantemente realista.

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