quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mais de 30 municípios participam do Encontro Regional de Cultura

Carla de Almeida Carvalho, Lorenzo Mammi, Paulo Brasil e Acácio Rocha, na plenária

Representantes de 30 municípios da região de Presidente Prudente, além de artistas, fazedores de cultura e produtores culturais, participaram do II Encontro de Cultura do Oeste Paulista. O encontro reuniu mais de 150 pessoas na última terça-feira (17), durante todo o dia, no anfiteatro da biblioteca municipal, em Adamantina.

O evento foi organizado pela Oficina Cultural Regional Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente, e Secretaria Municipal de Cultura de Adamantina. Na oportunidade foi apresentada a Carta de Adamantina, um conjunto de reivindicações dos municípios da região de Presidente Prudente, no campo da cultura.

A programação foi aberta às 9h com a Instalação Fotográfica assinada pelo fotógrafo prudentino Paulo Miguel e a partir daí, abertura oficial com o coordenador da Oficina Cultural Timochenco Wehbi, Paulo Brasil, e o secretário municipal de cultura de Adamantina, Acácio Rocha.

A palestra inaugural foi conduzida pela professora Izabel Castanha Gil, que falou sobre o tema “Formação Histórico-Social do Oeste Paulista e a Construção da Identidade Regional”.

Em seguida, apresentação do espetáculo teatral Palhaços, com a Cia. Báquicos, de Adamantina. Esse trabalho teve início em uma oficina de formação teatral realizada em Adamantina, em maio e junho deste ano, seguido de intervalo para almoço.

No período da tarde, antecedendo a reabertura dos trabalhos, pocket-show “Nossa Colcha de Retalhos, a Formação da Cultura Popular da Nossa Terra”, com o músico Bill Duque (repertório de música popular brasileira) e Romualdo Susuki (viola caipira a música regional), ambos de Presidente Epitácio.

Em seguida, compôs-se a plenária com o secretário municipal de cultura Acácio Rocha, o coordenador da Oficina Cultural Timochenco Wehbi, Paulo Brasil, e os convidados da Assaoc (Associação dos Amigos das Oficinas Culturais) da UFC (Unidade de Formação Cultural) da Secretaria de Estado da Cultura.

O diretor executivo da Assaoc, Lorenzo Mammi, falou sobre a atuação da Associação, que coordena as 22 oficinas culturais existentes no Estado de São Paulo, sendo 15 no interior e 7 na capital paulista. Ele anunciou o aumento em 25% no orçamento das oficinas culturais para contratação de atividades de formação, a partir de 2010.

Lorenzo também se comprometeu com alguns pontos de reivindicação descritos na Carta de Adamantina, como o desenvolvimento de atividades de formação em gestão, para os gestores públicos de cultura e a ampliação da carga horas/aula para as oficinas culturais e ressaltou sobre a importância de serem desenvolvidas atividades de formação a partir das potencialidades de cada localidade e que os municípios façam também seu papel, na promoção de atividades de fomento e formação cultural. “Investimos onde existirem investimentos”, disse.

Ele ressaltou a importância do encontro e propôs que o mesmo fosse realizado em todas as regiões do Estado, pelas demais oficinas culturais. Lorenzo elogiou também as apresentações culturais realizadas no encontro e enfatizou o trabalho teatral de Adamantina, apresentado pela Cia Báquicos, com a montagem de “Palhaços”, do autor prudentino Timochenco Wehbi. “Essa companhia tem competência para se apresentar em qualquer lugar do Estado e do Brasil”.

Participou também do Encontro a coordenadora da Unidade de Formação Cultural (UFC) da Secretaria de Estado da Cultura, Carla de Almeida Carvalho. A UFC é a responsável pelos programas de iniciação e formação nas diversas linguagens artísticas. No caso da música, conta com o Guri Santa Marcelina, o Conservatório de Tatuí e o Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo), assim como o Projeto Guri, que contribui para a inserção social de jovens por meio do ensino musical.

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Conheça a “Carta de Adamantina”

O Brasil passa por um momento importante na construção de suas políticas públicas de cultura. União, Estados e Municípios são desafiados a instrumentalizar e institucionalizar a gestão, em sistemas e planos, nas três esferas, envolvendo, entrelaçadamente, os entes federados.

Para cada localidade brasileira cabe o desafio de construir uma estrutura mínima, que opere a política cultural local sintonizada verticalmente com as esferas estadual e federal e outros parceiros; e horizontalmente, em sua base territorial, envolvendo os fazedores de cultura, sociedade e organismos co-relacionados.

A curto prazo – a todos os municípios brasileiros – os desafios iniciais são sistematizar as ações, definir os planos, envolver os segmentos e constituir orçamento. A médio prazo, prevê-se os primeiros resultados no campo do fortalecimento da gestão e abertura e/ou fortalecimento dos canais de diálogo entre gestores e os fazedores de cultura, com os primeiros impactos na sociedade. A longo prazo a consolidação dessa nova proposta de gestão e a transformação social nos indivíduos e no ambiente de convívio.

Focalizando, objetivamente, o perfil e as demandas regionais, é sabido que cada município tem seu perfil e suas necessidades no campo da cultura. Algumas específicas, que devem ser trabalhadas a partir da percepção local e dos recursos disponíveis, e outras – em sua grande maioria – que se somam às demais carências regionais, devem ser acolhidas em conjunto e trabalhadas para sua superação.

Embora o município seja a instância mais próxima da vida cultural dos indivíduos, é claro que as esferas estadual e federal podem ter ações voltadas para o desenvolvimento local, em parceria com o nível municipal – que deve ser sempre o propulsor de qualquer ação conjunta, dada a sua posição estratégica de proximidade.

Assim,

Considerando que no campo da cultura, em geral, é a oferta que determina a procura, mais do que o inverso;

Considerando que isto cria a necessidade de programas sustentados por políticas públicas, destinados àqueles modos e práticas não cobertos habitualmente pelas diversas ramificações do mercado cultural;

E considerando que cada vez mais se torna interessante pensar estratégias de desenvolvimento cultural em termos regionais, já que isto dá maior força às ações, bem como provoca um efeito de “contaminação” muito positivo;

APRESENTAMOS A CARTA DE ADAMANTINA, um conjunto de intenções no campo da formação cultural, para serem tomadas com a reunião de expectativas regionais em torno da atuação da Oficina Cultural Timochenco Wehbi de Presidente Prudente, e às demais iniciativas dirigidas pela Secretaria de Estado da Cultura:

1 - Solicitamos a ampliação das ações de formação cultural desenvolvidas pela Oficina Cultural Timochenco Wehbi, de Presidente Prudente, no atendimento às demandas regionais, nas diversas linguagens;

2 - Solicitamos que seja acatada como prioridade a realização de oficinas de formação com jornada de horas/aula ampliada, que privilegiam a qualidade e conteúdo, ao invés de referenciá-las quantitativamente, pois é sabido que a oferta de ações dessa natureza em jornada inferior ao proposto compromete a qualidade da mesma, com prejuízos para o coordenador e os inscritos;

3 - Solicitamos que, diante dos desafios trazidos pela Conferência Nacional de Cultura, Plano Nacional de Cultura e suas aplicações no âmbito local e regional, sejam oferecidas atividades de formação em gestão e institucionalização da cultura, para gestores públicos, equipes de funcionários e conselheiros de cultura;

4 - Solicitamos que sejam criadas ferramentas de articulação regional, com fóruns, congressos e encontros, com periodicidade e regularidade, para apuração das demandas regionais, capacitação e reciclagem, em todas as oficinas culturais, que otimize a articulação, favoreça o “pensar” regionalizado e fortaleça o conjunto, dando-lhe representatividade e legitimidade;

5 - Solicitamos o desenvolvimento um sistema de indicadores culturais dos municípios paulistas, com agrupamentos de informações locais e regionais, que permita visualizar o cenário e dar subsídios para a tomada de decisões;

6 - Solicitamos que sejam articulados mecanismos junto ao Palácio dos Bandeirantes e Casa Civil, no sentido de sensibilizar e estimular objetivamente os chefes dos executivos municipais sobre a importância de se promover investimentos públicos em cultura, para que essa busca não seja uma vontade solitária do gestor público de cultura.

II Encontro Regional de Cultura do Oeste Paulista

Adamantina, Estado de São Paulo, em 17 de novembro de 2009

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